É com profundo pesar e consternação que o Centro de Cultura Negra do Maranhão recebe a notícia da morte do líder quilombola José Alberto Moreno Mendes José, Doka, assassinado ontem(27) por volta das 18h, com todas as características de uma execução.
No Maranhão, estamos a décadas resistindo por uma serie de violações aos direitos humanos. Assassinatos, ameaças de morte, invasões, grilagem, desmatamento e até mesmo a criminalização de povos quilombolas, o assassinato de Doka deve ser investigado com rapidez. Exigimos uma apuração rigorosa e imparcial das circunstâncias, que identifique e responsabilize os envolvidos.
Doka, tinha 42 anos e atuava como Presidente da Associação de Moradores do Quilombo Jaibara dos Rodrigues, comunidade que compõe o Território Quilombola de Monge Belo, que é localizado entre os municípios de Itapecuru-Mirim e Anatujaba (MA), composto por oito comunidades: Monge Belo, Ribeiro, Ponta Grossa, Santa Helena, Juçara, Frade, Teso das Taperas e Jaibara dos Rodrigues, tendo hoje mais de 500 famílias. A comunidade de Doka está entre as 168 comunidades do Maranhão que aguardam a titulação de seus territórios tradicionais. Juntas requereram a titulação do seu território junto ao INCRA em 2004 e foram reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares (FCP) em 2005.
Ele representava não apenas sua comunidade, mas também muitas outras vozes enquanto integrante da Comissão do Território e do Conselho Quilombola da União das Comunidades Negras Rurais Quilombolas de Itapecuru-Mirim – MA, a UNICQUITA. Sua luta pela garantia dos direitos fundamentais dos quilombolas que vivem na região como o acesso à terra, era um exemplo de resistência e empoderamento.
Neste momento de dor e tristeza, nos solidarizamos com a família, amigos(as), companheiros(as) quilombolas de Jaibara dos Nogueiras, e todas as demais comunidades oferecendo nosso apoio e conforto. É fundamental que as autoridades garantam justiça e segurança para todas as comunidades quilombolas.
Reafirmamos nosso compromisso em continuar lutando pela igualdade de direitos e pelo respeito às nossas comunidades. Não podemos permitir que a violência e o preconceito prevaleçam sobre o diálogo e a convivência pacífica.
Que a memória de Doka seja honrada e que sua luta inspire a todos e todas nós a seguir em frente, na busca por uma sociedade mais justa. Que seu legado seja lembrado como um exemplo de coragem e resistência, e que sua morte não seja em vão.
Que a justiça seja feita e que a paz prevaleça.